A obra aborda o trabalho realizado por João Barbosa Rodrigues, que compreendeu o universo amazônico para além de sua dimensão paisagística. Entre 1872 e 1875, o governo imperial designou Barbosa para realizar pesquisas pelos rios da Amazônia e, em 1883, para dirigir o Museu Botânico de Manaus. Durante esse período, o cientista foi além do trabalho designado e buscou registrar as narrativas orais da cultura amazônica.
Ao longo dos 10 anos debruçados nesse projeto, uma das principais dificuldades de Tenório foi atualizar a ortografia e parte da linguagem usada por Barbosa, datada do século 19. "Considero esta empreitada editorial, pela complexidade e dificuldade enfrentadas para sua realização, o trabalho da minha vida como editor", afirma. Ao folhear o livro, o leitor se depara, por exemplo, com a lenda "A origem do Solimões". A lua, por não poder se casar com o sol, chorou dia e noite e, assim, deu origem ao rio Amazonas. "Os povos indígenas têm mitos que ilustram a forma como pensam o mundo. São narrativas poéticas e delicadas. Nesse caso, o Rio Amazonas é um rio que nasceu do amor", explica Tenório.
A obra, além de importante para a Cultura do País, é também uma homenagem e uma reparação sobre o silêncio em relação ao trabalho de Barbosa. Embora reconhecido como um dos cientistas mais importantes do Brasil, seu trabalho ficou restrito a círculos científicos.
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