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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Cornélio: "aquele que foi sem nunca ter sido"

Cornélio Franco Monteiro era considerado uma aberração por causa de um par 'chifres' em sua cabeça

Obra de Tide Hellmeister

Cornélio nasceu em Monte Sião (MG), em 7 de outubro de 1946, com uma anomalia rara ao ser humano. Quando ele nasceu já trazia de 'fabrica' um par de 'calos', assim descrito pelo corpo  médico que fez o parto, na Santa Casa. À medida em que Cornélio crescia os chifres também evoluiam. Durante toda sua infância ele teve de usar um tipo de boina em crochê muito resistente, feito por sua mãe.  Filho de dois artesãos de Monte Sião, interior paulista, isso facilitava a diversificação das boinas para encobrir os 'chifres'. 

No ano de 1960, quando tinha 14 anos, Cornélio foi enviado ao Chile para consultar um especialista em anomalias, dígamos, cornelianas. Por lá ele ficou quase um ano mas voltou da mesma forma que foi, com os 'calos'. Já em 1963 ele viajou para Suíça, onde foi operado por uma equipe de especialistas em cabeça. Um sucesso. Anos depois ele arranjou um casamento, com Dalva de Souza. Coincidência, os chifres voltaram a crescer. Os calos já atingiam quase 5 cm. Os gozadores de plantão, começaram a desconfiar de Dalva. Os boatos na cidade só cresciam de ele estava sendo traído pela mulher. A confecção herdada pelos pais ia bem, ele resolve viajar para Suíça. Mais uma cirurgia de sucesso. Retornou ao Brasil, mas em sua terra natal, Monte Sião, a difamação continuava a todo vapor. 

Então, Cornélio resolve mudar para São Paulo, especificamente o bairro da Mooca, onde instalou-se com sua confecção. Mais uma vez a história se repetia: crescimento dos chifres, e o falatória sobre sua esposa, Dona Dalva, que não aguentou a pressão e abandonou Cornélio. Coincidência ou não, mas os chifrinhos dele desapareceram com a partida de Dalva. Mais tranquilo, ele resolve ter vida nova e muda-se para Águas de Lindoia, interior de São Paulo. Cornélio morreu atropelado por um caminhão-pipa, na cidade de Águas de Lindoia, em 22 de março de 1986. Em sua lápide tem a frase " Aqui jazz Cornélio, aquele que foi sem nunca ter sido". 

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