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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Exposição José Medeiros

Exposição com imagens de ritos captados pelas lentes de José Medeiros em um terreiro na Bahia nos anos 1951 além de personalidades, mostram como ele mudou a cara do fotojornalismo capenga no País.

As lentes do fotógrafo piauiense José Medeiros [1921-1990] registram o ingresso do Brasil na modernidade. Sem dúvida foi ele o primeiro fotojornalista da história do País; com suas fotos as minorias étnicas apareceram. As primeiras imagens documentam a iniciação de filhas-de-santo em um dos terreiros do subúrbio ferroviário, na Bahia, e foram publicadas na revista O Cruzeiro, para a qual trabalhou de 1946 a 61. São as fotos desse ensaio, época muito produtiva de Medeiros que estão em exibição no Instituto Moreira Salles, em São Paulo. Longe dele um olhar ingênuo, haja vista que participava das melhores publicações fotográficas do período. O fotógrafo tinha um olhar contestador sem ter engajamento partidário. Sua política era a minoria brasileira. Contou com apoio de Frederico Chateaubriand, sobrinho de ‘Assis chatô’ para publicá-las em O Cruzeiro, fotos de negros e índios em um tempo que o modelo adotado no Brasil era o caucasiano.
"Candomblé" tem imagens feitas entre 1951 e 1956, com personalidades participantes da história do país como Oscar Niemeyer, Tom Jobim e Vinicius de Moraes além de raro registro antropológicos de tribos indígenas quando de sua passagem pelo Rio de Janeiro, local que residiu a partir de 1939. Em 1957, o ensaio fotográfico "Candomblé" virou livro com 65 imagens feitas no terreiro de Oxóssi, na Bahia. O mesmo livro está sendo relançado com novo projeto gráfico quando da abertura da exposição para jornalistas, 29/01.

Acervo
Medeiros tem um acervo de 20 mil fotogramas que foi incorporada ao IMS em 2005, do mesmo constam personalidades como Getúlio Vargas, Cândido Portinari, Guignard, Luiz Carlos Prestes, Graciliano Ramos, Cacilda Becker, Dorival Caymmi, Maria Della Costa e até Arnaldo Jabor entre outros. Em 1961, ele deixou a revista O Cruzeiro e montou a própria agência "Image", com os sócios Flávio Damm e Yedo Mendonça.

Cinema
Com seu olhar peculiar Medeiros foi convidado a entrar para o cinema para assinar à fotografia. Sua estréia se deu em ‘A Falecida’, de Leon Hirszmann,1950. A partir daí assinaria as fotografias de várias produções de alguns dos melhores filmes das décadas de 1960 a 1980: “A Opinião Pública" , 1967, "Xica da Silva", 1976, "Chuvas de Verão," 1981, " Memórias do Cárcere" e Cry Freedom [produção nigeriana], ambos em 1981. [Francisco Martins – fm.imprensa@isbt.com.br ]

José Medeiros: Instituto Moreira Salles
Rua Piauí, 844, 1* andar
Higienópolis - zona oeste/SP
Ter. à sex., das 13h00 às 19h00
Sáb. e dom. até 18h00.
More info: [11] 3825-2560
De 30/01 à 5/4 - Grátis

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