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terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Zimbábue: rota da miséria

Africanos comem milho cru, grilos, besouros e frutas malcheirosos como única fonte de sobrevivência. As canelas de tão finas não seguram as meias.

MATABELELAND - ZIMBÁBUE 30/12 - {Agência FM} À beira de uma estrada crianças e adolescentes esperam ansiosos o momento de um caminhão carregado com milho passar para encherem os bolsos com os grãos de milho caídos. Em países ou em épocas normais os grãos de milho serviriam apenas para os animais. Mas, crianças sujas, rasgadas e descalças invadem a pista e, famintos começam a comê-los ali mesmo, cru. Perto dali, em ruas de terra de Chitungwiza, famílias que vivem de vender lenha transformam em pão os grãos de milhos catados na rodovia e transformam em uma refeição. O pão em média tem 11 fatias e é dividido para seis pessoas, adultas e crianças.
No passado, a região Chitungwiza era formada de fazendas e matou a fome de todo o sul da África. Atualmente, camponeses miseráveis arrancam casca de grilos ou besouros vivos e os lançam em uma panela, assim tem uma refeição e sobrevivem por mais um dia. Em Mashonaland, anteriormente um próspero município, e hoje, seus moradores não passam de pessoas magérrimas ao ponto das meias não se segurarem às canelas. São semimortos.

Segundo a Organização das Nações Unidas [ONU] de 7 a cada 10 pessoas entrevistadas fizeram apenas uma refeição no dia anterior. A fome generalizada sofrida pelos zimbabuanos é fruto da falta de política do presidente Robert Mugabe, que junto com seus aliados usam as terras agrícolas como armas letais na busca implacável de se perpetuar-se no poder. Outra pesquisa das Nações Unidas também revelou que o número de pessoas que não tinham comido nada no dia anterior subiu de 0 para 12%. Já aqueles que tinham feito apenas uma refeição cresceu de 13% para 60% este ano. Para piorar, no ano passado o país teve sua pior safra, que foi agravada com a medida do presidente Mugabe que proibiu organizações humanísticas de entrarem no Zimbábue, privando 1,2 milhões de pessoas de qualquer tipo de atendimento.

Os moradores de Mashonaland, perto de Harare, Capital, levantam-se de madrugada para colherem frutos fedidos, conhecidos como 'hacha', que tem uma polpa doce e fibrosa, e tornara-se alimentação principal entre os camponeses. Mas a entressafra termina daqui a poucos dias. O que poderá acontecer com o fim da colheita da 'hacha' ? {Foto por Maurício Cardim /AgênciaFM}

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