Frans Krajcberg e suas esculturas de árvores chegam a OCA, é a primeira grande mostra dele em São Paulo com sua obra-denúncia; e denuncia que querem lhe matar.
O trabalho de Krajcberg é mais um grito de revolta contra as barbáries cometidas pelo homem contra à natureza do que uma obra de arte. O artista foi um dos primeiros a bradar sobre a destruição do planeta e o eco chega à São Paulo em sua exposição. Krajcberg é escultor e tornou-se nas últimas décadas em uma espécie de embaixador das causas ambientais. Sua expressão artística tem um foco certo, é um forte grito contra a irracionalidade dos humanos. Seja com suas esculturas feitas a partir de pungentes registros fotográficos de queimadas ou em árvores incineradas da Amazônia, que agora podem ser vistas na mega exposição do artista na OCA, como parte dos 60 anos do Museu de Arte Moderna. A intenção de Kracjberg é despertar nas pessoas que a exploração econômica desenfreada leva não somente à destruição ecológica mas política e social. "Nunca houve um século tão bárbaro como o XX. Se continuar assim o XXI vai alcançar à bárbarie mais violenta", disse Krajcberg. O artista sempre teve pequena representatividade em São Paulo, e essa é sua primeira exposição de repercussão. Quando viveu na capital paulistana passou por momentos desagradáveis profissionalmente. A prefeitura teria lhe convidado para realizar um projeto na antiga serraria do Parque do Ibirapuera e depois fora vetado, esse seria um dos dissabores.
Volta por cima
Depois disso ele foi convidado pela prefeitura de Curitiba, PR, onde fez o Espaço Cultural Frans Krajcberg, no Jardim Botânico, com 100 obras doadas por ele. Quanto ao próprio museu, na Bahia, foi interrompido por causa de furtos em sua residência que o deixou em difícil situação econômica. O incansável artista de 87 anos, estudou na Alemanha com Willie Baumeister, ganhou prêmio da Bienal de São Paulo, onde chegou em 1947, e montou a primeira Bienal juntamente com Aldemir Martins. Ganhou em 1957, o premio de pintura da Bienal de São Paulo, trabalhou com Osiarte, Volpi, Mário Zanini e outros. Porém, foi em Minas Gerais, a partir de pigmentos minerais que se iniciou na esculturas, isso para fugir das tintas que estavam intoxicando-o. Krajcberg que viu sua família ser dizimada pelos nazista na Segunda Guerra Mundial, e até hoje não esquece quando combatia ao lado do exército russo, sempre está desenvolvendo projetos de crescimento humano, entre eles os realizados para a prefeitura de Paris, um tipo de museu e espaço para debates. Também desenvolveu projetos para outras partes do mundo como Canadá e Holanda.
Querem me matar
Mas ele se vê envolto aos problemas de Nova Viçosa, sul da Bahia, onde se instalou em 1971, e a última reserva da Mata Atlântica existente lá pertence ao escultor. Segundo ele, no ano passado sofreu quatro tentativas de incêndios. Também se queixa que está sendo ameaçado de morte juntamente com sua empregada e um amigo, e que já tentaram envenená-los, além de ter tido seus pertences roubados entre eles o colar de sua mãe uma peça de estimação que ele carregava desde 1939 quando ela foi morta pelos nazistas; a medalha que ganhou das mãos de Stalin como herói de guerra. Mas apesar de tudo, ele encontra forças para viajar pelo mundo dando sua colaboração para que não destruam o planeta. Essa colaboração ele faz através de seu trabalho, onde percebe-se uma não preocupação em fazer uma obra de arte, mas sim de enviar um SOS aos habitantes deste planeta. Desgostoso com o descaso e amedrontado pela ameaças o artista pensa em deixar o Brasil haja vista que países como o Canadá, Holanda e Estados Unidos querem homenageá-lo com museus. Ele morava na casa de Marc Chagall, quando um amigo proprietário de uma agência de viagens perguntou se ele queria conhecer o Brasil. "Eu queria fugir da Europa, do homem, aceitei", disse o artista. Agora, planeja fazer o caminho inverso e muito magoado. [Foto divulgação]
Serviço
Frans Krajcberg - OCA
Av Pedro Álvares Cabral, s/n
portão 3 - Pq do Ibirapuera
{11} 5083-0519
de terça a domingo
Grátis - Até 14 /12
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