sábado, 7 de outubro de 2006
Bienal Internacional São Paulo 2006
Edição tenta fazer reflexão sobre vidas coletivas
A 27ª Bienal de São Paulo inicia em 7 de outubro e segue até o dia 17 de dezembro no prédio da Bienal, no Parque do Ibirapuera, na abertura autoridades como Cláudio Lembo, governador do Estado, Gilberto Kassab - prefeito, ministro da Cultura, Gilberto Gil e o presidente da Fundação Bienal, Manoel Costa. [Foto: Sérgio Andrade]
Para este ano o tema escolhido para mostra é "Como Viver Junto". Segundo curadoria, o tema foi inspirado em seminários de Roland Barthes (1975-1980), da década de 70, para o Collège de France, propondo uma reflexão sobre a vida coletiva em espaços compartilhados. Com a participação de 118 artistas, o evento não apenas contará com a mostra expositiva, terá também a quinzena de filmes e seminários. Os curadores viajaram pelo mundo em busca dos artistas que melhor representam ideais e conflitos da vida contemporânea nestes espaços. E decidiram que esta Bienal teria menos artistas e mais obras de cada um. Outro resultado destas viagens é que o sistema de representações nacionais - em vigor desde a primeira bienal em 1951 e no qual cada país podia indicar um artista para a mostra - foi eliminado. Outro eixo conceitual da Bienal é o "Programa Ambiental" do artista Hélio Oiticica, um conjunto de textos e práticas. Não há em exibição obras do artista mas tenta valorizar sua teoria inventiva. A Bienal 2006 também reconhece o trabalho do artista Marcel Broodthaers, retomando suas reflexões e refletindo sobre temas-chave, como: para quem o artista produz?
A Quinzena de Filmes da Bienal conta com 39 filmes do mundo todo em um cinema fora do pavilhão. Um dos destaques é a estréia mundial de Andarilho, do artista mineiro Cao Guimarães. Também estréia oficialmente na Quinzena o longa Saudi Solutions, da cineasta Bregtje van der Haak.Dez artistas do mundo todo participaram do programa de residências artísticas da 27ª Bienal de São Paulo, vivendo de um a três meses em três pontos do país: Rio Branco (AC), Recife (PE) e em São Paulo. Acima a obra do italiano Francesco Jodice, São Paulo City Tellers. O evento também tem outras ramificações, como uma série de seminários que começou em janeiro, palestras e fóruns de discussão e a publicação de quatro livros com projetos gráficos de vários artistas.
Histórias conjuntas, assim é o MAM e a Bienal
Filhos do mesmo pai, e uma vida, conturbada, em comum. Já era mais do que hora de realizar uma releitura de porte do acervo do museu concomitantemente à grande mostra internacional que tornou-se mais conhecida do que a instituição que a criou.
Olhando ao mesmo tempo para a instituição e para a produção artística desenvolvida ao longo dessas várias épocas, a exposição MAM na Oca, inaugurada na segunda-feira,2, no Parque do Ibirapuera, que propõe uma leitura muito particular da arte brasileira. Com cerca de 700 obras realizadas a partir de 1968 - período em que o museu recomeça a constituir um acervo, tentando superar a fase de crise iniciada depois que Ciccillo Matarazzo decide doar a coleção do MAM para o Museu de Arte Contemporânea da USP - e dando ênfase nas obras compradas após o ano de 1995. A exposição trabalha com vários eixos paralelos, onde a produção artística brasileira não é a apenas vista como uma sucessão cronológica, uma evolução natural entre as várias escolas predominantes, porém, em função de algumas questões que os curadores Tadeu Chiarelli, Felipe Chaimovich e Cauê Alves identificaram como relevantes para se pensar a recente produção nacional.
Há uma evidente associação entre a arquitetura do espaço expositivo e as peças selecionadas. O subsolo, por exemplo, abriga obras associadas com a idéia de ´subconsciente´, trabalhos que tentam fugir de leituras hegemônicas da história da arte. São 200 obras nesse segmento, assinadas por artistas como Regina Silveira, Nelson Leirner, Oswaldo Goeldi, Waltercio Caldas e Miguel Rio Branco. Conforme vamos subindo em direção à cúpula arredondada da Oca, vamos sendo apresentados a núcleos que trabalham com a relação entre arte e espaço urbano - com grande ênfase sobre a fotografia -; e com questões essenciais da arte moderna como linguagem, forma e espacialidade. Ao final, há um espaço dedicado a artistas de ponta da produção contemporânea, que vem obtendo grande destaque no circuito internacional mas que ainda não são conhecidos do grande público, como o baiano Marepe. Artista que, aliás, promete ser uma das atrações nacionais na vizinha Bienal.[Francisco Martins]
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