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quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Filme de Jorge Furtado “O Mercado de Notícias”

Documentário de Jorge Furtado discute sobre os critérios, falhas e importância da imprensa no Brasil


Muito original, o cineasta Jorge Furtado foi buscar inspiração em uma peça teatral da Inglaterra elisabetana do século 17 um paralelo para estabelecer uma perspectiva histórica para a aguçada discussão sobre critérios, falhas e importância da imprensa no Brasil em seu novo documentário, “O Mercado de Notícias”. O filme está em exibição em dez cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, Salvador, João Pessoa, Santos e Juiz de Fora.

A peça  “O Mercado de Notícias”, de Ben Jonson (1572-1637) -, que surge no mesmo momento histórico em que começam a circular os primeiros jornais. Já ali se estabelecem os desafios da própria atividade, a partir da constatação de que não há fatos brutos na natureza. Todo e qualquer acontecimento, então, é passível de seleção, análise, interpretação. Portanto, também de erros jornalísticos.

Dentro dessa discussão, o documentário debate a própria essência do jornalismo, ou seja, a obrigação de escolher o que publica ou não, o que cobre ou não, a necessidade de encontrar a novidade, de revelar histórias, equilibrando essa urgência com outra, não menos crucial: a da própria sobrevivência econômica e comercial. Um aspecto que leva alguns a apostarem no sensacionalismo e, em última análise, no antijornalismo, para garantir altas tiragens e grandes receitas publicitárias.

Saindo de um modelo de documentário dependente exclusivamente de entrevistas, Furtado intercala as conversas com treze experientes jornalistas brasileiros com trechos de uma encenação da própria peça, a partir de uma tradução feita por ele mesmo e pela professora Liziane Kugland. O recurso permite uma certa leveza, porque permite a inserção de comentários cínicos pertinentes aos tópicos em debate. Muito bom, coerente. 

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