Paraguaios: preservar 'língua mãe'

Os paraguaios travam uma luta para salvar o guarani. Ramón Silva, que elaborou um dicionário de guarani com termos médicos, militares, religiosos e jurídicos. De certa forma o país fica isolado politicamente do resto do mundo, mas este 'isolamento' ajudou na permanência do guarani.

SAN BUENAVENTURA - PARAGUAI - Os paraguaios estão pensando no futuro do idioma tem gente no país planejando fazer teclado de computador em guarani. É comum no Paraguai, se ouvir de políticos e analistas econômicos chegando aos taxistas e jovens engraxates falando em guarani. Nos campos de futebol, dentro e fora do país, os jogadores também costumam se comunicar na "língua mãe", assim é chamado o idioma.

Geralmente quando querem evitar que o adversário entenda o que estão dizendo, os jogardores e técnico se comunicam em guarani. Na região da fronteira com o Brasil, os paraguaios costumam falar guarani e português. Muitas vezes incluem até o espanhol nas conversas. As crianças, que escutam a conversa às vezes não sabem a diferença entre português e espanhol. Já na fronteira, os paraguaios falam principalmente portunhol (mescla de português e do espanhol). Mas eles não são trilíngues, apenas juntam os três idiomas e assim se entendem de forma precária.

Proteção

Um guia de turismo que costuma fazer a viagem entre Assunção e a igreja franciscana de San Buenaventura de Yaguarón, a 48 quilômetros da capital paraguaia, explica aos turistas estrangeiros que a história "trágica" do país acabou "protegendo o guarani da globalização". "A desgraça da história do Paraguai foi positiva para a sobrevivência do guarani", explica Ramón Silva. De acordo com ele, no período da colonização os espanhóis iam embora e as mulheres que permaneciam falavam guarani com as crianças. "Na Guerra Grande (Guerra do Paraguai) e na Guerra do Chaco, os homens foram à luta e as mulheres ficaram sozinhas ou com as crianças, o guarani foi sendo passado, em casa, de geração para geração. (Xixo Mariano \ Francisco Martins)