Sete meses sem Fausto Visconde

Dois grandes amigos unidos pelo amor à Sétima Arte. Varavam à noite em saraus infindáveis tecendo comentários sobre cinema e música. "Uma grande perda o falecimento de Mário Carramillo " lamentava-se Fausto Visconde, que completa neste dia 6/3 sete meses do seu falecimento.

SANTO ANDRÉ - BRASIL - 6 DE MARÇO - Dando prosseguimento a saga de Fausto Visconde, desta vez serão abordados temas como sua amizade com escritor, gráfico e professor Mário Carramillo Neto e seus saruas cinematográficos. "Todos os dias aquele garoto de calças curtas passava na porta da minha casa rumo ao trabalho" dizia Visconde sobre Carramillo.


Morador da Rua José de Alencar, no tradicional bairro do Brás, zona leste da cidade de São Paulo, foi lá onde nasceu a amizade entre os dois, cujo fio condutor era o bate-papo cultural nos seus dias de folga cujo temas incluiam música clássica, popular e, especialmente, cinema de arte. Cinema, este sim, era o assunto sempre na pauta deles.
Assisitiam o filme no cinema, como não era o bastante, alugavam-no para assistir em casa e depois tecer comentários. Ficavam horas e mais horas revendo cenas clássicas como a da escadaria de "Encouraçado Potequim", a cena onde Gene Kelly dança com poste de "Cantando na Chuva", ou o duelo de esgrima do filme "Os três mosquetero", "A Dama de Xangai", cena dos espelhos entre outros filmes.
A Rua Antônio Fonseca, na Vila Maria, foi testemunha de discussões acirradas sobre películas, e eram sempre regadas a um bom vinho, antipastos saborosos ou às vezes uma boa macarronada.
Inspirados, travavam diálogos e críticas de fazer inveja aos profissionais de Hollywood, sem exageros.
Outro item discutido por eles era a trilha sonora. Cada um mais exigente do que o outro, dificilmente entravam em acordo. Trilhas de conceituados compositores como Roger&Hammerstein, "There is nothing like dame" ou Some Enchanted evening " do filme com Rossano Brazzi e Mitz Gaynor "Ao sul do pacífico), a boa música de Georges Auric para O salário do Medo - com Ives Montand ou o som de Max Stein feito para o filme A carta, com Bette Davis. A discordância, sem dúvida, abreviava o próximo encontro entre os dois. Para não me prolongar muito, esses encontros perduraram do final dos anos 60 até os anos 2004.
Eu, este relator, fora apresentado ao professor Carramillo em 2001, e logo convidado para juntamente com Fausto Visconde frequentar as famosas reuniões semanais dos cinéfilos para falarmos de Sétima Arte. Coitadinho de mim, precisava contar com a paciência e gentileza dos 'parceiros'. Eu precisava pelo menos mostrar boa vontade em aprender, e só assim, estaria definitivamente nesta seleta sociedade. Aos poucos fui absorvendo boa parte da cultura de Carramillo e Visconde.

O menino Mário


Sem dúvida foi o cinema quem aproximou Fausto Visconde e Mário Carramillo. Segundo Visconde, certa vez estava a sofejar o tema de Lara, de Dr. Jivago, quando aquele rapazola se aproximou dele para comentar sobre o filme. Visconde ficou fascinado pelo conhecimento do garotão cinéfilo. Convidou, então, para tomar um café com sua mãe e Cidinha, sua irmã. A patir dai os diálogos começaram a fluir quase todos os dias na porta da casa de Fausto Visconde. Mário Carramillo se casou, e o bate-papo se estendeu à sua casa. Foi uma das mais belas amizades entre dois seres ímpares. Se vivo estivesse, Fausto Visconde complataria 89 anos dia 14/03/2011, isso segundo os documentos. Já pela contagem de Visconde, compeltaria 90 anos.


Foi um grande choque para Fausto Visconde quando avisado da morte de seu melhor amigo, Mário Carramillo, em 18 de fevererio de 2004, vitimado por um ataque cardíaco. Entre os livros escritos por Carramillo estão 'Produção gráfica' e 'Artes gráficas no Brasil' entre outros.

Mais sobre Mário Carramillo: http://formasemeios.blogs.sapo.pt/308287.html