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segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Piñera diz que vai buscar Chile 'desenvolvido' e 'sem pobreza'

Sebastián Piñera disse que objetivo será 'segunda transição' para o Chile
O presidente eleito do Chile, o empresário Sebastián Piñera, da Coalición por el Cambio (Coalizão para a Mudança), disse, no discurso da vitória, neste domingo, que seu objetivo será buscar uma “segunda transição” para que o país se torne “desenvolvido” e “sem pobreza”.

No Chile, a “transição” foi a etapa definida após o regime de Augusto Pinochet (1973-1990) e a chegada ao poder da frente de centro-esquerda Concertación – derrotada, neste pleito, pela primeira vez em vinte anos. “Viva o futuro”, afirmou Piñera para uma multidão de eleitores.
Piñera, um dos homens mais ricos do Chile, venceu o segundo turno do pleito por uma vantagem de cerca de 3% sobre o candidato governista e ex-presidente Eduardo Frei, da Concertación.
Após reconhecer a derrota, Frei visitou Piñera em seu comitê de campanha. “Como senador, lhe digo que serei parte de uma oposição construtiva e quero desejar que tudo saia bem, porque assim será bom também para o Chile”, disse ele. Piñera, por sua vez, afirmou que espera contar com uma “oposição fiscalizadora”, mas com “este espírito construtivo”.

'Unidade'
O presidente eleito destacou que fará um governo de “unidade”. Os dois se abraçaram e posaram para fotos ao lado das suas famílias. Pouco antes, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, da Concertación, telefonou para felicitar o sucessor. A conversa foi mostrada ao vivo pelas TVs locais. “Espero contar com seus conselhos”, disse Piñera.
O presidente eleito terá que negociar com a Concertación já que não terá maioria no Congresso Nacional. A Concertación, mesmo fragmentada, mantém a maioria no Parlamento. “Chegaremos (à Presidência) com a máxima disposição para o diálogo e sabendo que teremos que negociar com a maioria opositora no Congresso”, disse a porta-voz da campanha de Piñera, a senadora eleita Lily Perez.
Foi a primeira vez desde 1958 que um candidato da direita ou centro-direita, como Piñera é definido, foi eleito para o Palácio presidencial La Moneda. Economista, formado na Universidade de Harvard, Piñera recordou, durante a campanha, que votou contra a continuidade de Pinochet no plebiscito de 1988, que abriu caminho para o retorno da democracia. Ele disse ainda que se desligará de seus negócios antes de assumir a cadeira presidencial em 11 de março.
“Vamos ver agora o que o presidente eleito fará com suas empresas, quando e de que forma se desvinculará delas”, disse uma comentarista da emissora da TV pública TVN.

Um eleitor ergueu uma foto de Pinochet diante do palácio do governo
Nas ruas de Santiago, os partidários de Piñera celebraram a vitória com buzinaços, bandeiras e chuvas de papel picado.
No discurso, Piñera mandou um abraço a Frei porque o tinha felicitado pessoalmente. A multidão vaiou. No comício e com faixas em homenagem a Piñera, Monica Plaza, de 28 anos, e Martín Rogers, de 34, disseram que votaram nele porque querem “mudanças”. Rogers disse: “Como empresário, ele terá experiência para administrar o Chile e de forma moderna. E Piñera não é identificado com a direita, mas como bom administrador”.
Num caso isolado, duas jovens ergueram uma faixa com o rosto do ex-guerrilheiro argentino-cubano Ernesto “Che” Guevara na janela do apartamento em frente ao local do comício. Alguns reagiram gritando: “Passado, passado”.
Sozinho, um eleitor de Piñera, Luis Pedrero, ergueu uma foto de Pinochet para a janela onde estava o cartaz de Guevara. “Pinochet é nosso líder porque nos salvou destes comunistas”, disse.

Márcia Carmo - Enviada especial da BBC Brasil a Santiago

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