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segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Vale do Cariri: Ceará

A região do Cariri é rica em artesãos que vão do popular ao gótico passando pelas gaiolas feita em canabrava por Antônio Nascimento para aprisionar cancão, canário cuja técnica foi herdada dos indígenas aos traforistas.


Na terra de padim padre Ciço, Juazeiro do Norte, sul do estado do Ceará, dezenas de artesãos trabalham e comercializam suas peças através do Centro de Cultura Popular Mestre Noza, um escultor e xilogravurista regional já falecido. Desde de outubro de 99, que o CCPMN, recebe consulta do Programa de Artesanato do Conselho da Comunidade Solidária. A intenção é valorizar os aspectos da artesania local, aventar com novas opções de comercialização além de criar embalagens resistentes as longas distâncias.

Não somente Juazeiro do Norte mas também os municípios de Crato e Nova Olinda, abrigam um grande contingente de artistas artesãos do Vale do Cariri. A maioria deles se utilizam do entalhe na madeira de imburana para retratarem imagens sacras, animais entre outros motivos. Uma boa parcela trabalham com reciclagem como latas usadas, aparas de vidros e folhas-de-fladres, e, em com menos intensidade é a atividade em barro cosido. Os mercados populares, especificamente o mercado José Teófilo Machado, oferecem uma gama de produtos como lamparina, radares em metal e madeira, brinquedos de lata, e as tradicionais grinaldas feitas em pano, papel e lantejoulas para ornar altares.

São centenas de barracas com artesanatos de vários tipos que vão além das hábeis tesouras nas mãos das grinaldeiras. Fitas, organdi, papel acetinado e arames para dar sustentação à estrutura da peça que é usada em casamento; flores-de-santo vão parar nas capelas domésticas na festa do Sagrado Coração de Jesus {Corpus Christi} , no final de junho. O tráforo também é utilizado no artesanato regional do Cariri. Seus representantes, Francisco Modesto Sales e Cícero José dos Santos, que aprenderam a arte de perfuração há mais ou menos 20 anos com um monge italiano, de nome Noé que surgiu por lá. Com serrinha nas mãos, a frágil chapa de compensado é perfurada rapidamente pelos artesãos, e logo, transforma-se em oratórios ou imagens góticas do escultor Manuel Graciano Cardoso e seus dois filhos, Cícero e Francisco que através da imburana retratam também grupos musicais da região.


Já os fladeiros trabalham com produtos mais decorativos e utilitários. Miniaturas de automóveis ou barcos ricos em ornamentação e detalhes; coroas de flandres, luminárias de querosene e elétricas e raladores de metal. As flores-de-santo, de Rosana Bezerra, os barcos de José Maurício dos Santos e os barcos de Olavo Souza são legítimos representantes desse gênero de artesanato local.

Clã Celestino

O clã dos celestinos, os mais conhecidos escultores em madeira do Juazeiro do Norte, contribuem com vários tipos de objetos escultóricos como os apitos eróticos de José Celestino da Silva. Zulmira Celestino da Silva também usa a imburana para retratar motes folclóricos e animais. José Ferrira da Silva [1937-2000], pernambucano, se instalou no Ceará na década de 60, e foi um dos pre-cursores do mamulengo articulado, em imburana. Apegado ao local, retrata inambu, juriti, rolinhas. O avô dos celestinos, trabalhava cabos de espingardas para colecionadores, uma arte quase lúdica.

O mais jovem integrante da família Celestino, Antônio Ferreira da Silva, xilogravurista, é também a figura polêmica da região cearense. Formado em letras, assim como suas poesias são polêmicas também as esculturas. A sociedade local não digere bem seus temas de difícil aceitação. O escultor mostra a miséria de forma expressionista. As obras beiram ao escombroso, sempre recorrendo a uma pitada de erotismo surreal.

Agência FM agradecimento:
www.operaprima.com.br


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