Páginas

sábado, 7 de março de 2009

Exposição: P.A.F.

Mortos por armas de fogo no Rio de Janeiro recebem homenagem de fotógrafa francesa. A fotógrafa foi proibida de registrar enterros de policiais militares; apesar de ter sido sistematicamente destratada por PMs, ela diz que não teme ser P.A.F. pela corporação.

Durante dois anos a fotógrafa e documentarista francesa Aude Chevalier Beaumel, 26, fotografou velórios e enterros de pessoas vitimadas por arma de fogo. P.A.F., Perfuração por Arma de Fogo, é a nomenclatura utilizada por legistas para informar mortos por tiros, e essa foi também a sigla escolhida pela documentarista. Aude transita entre França e Brasil há dois anos e se impressionou com a número de pessoas mortas por arma de fogo, principalmente no Rio de Janeiro.
A ideia de montar essa exposição com abordagem polêmica surgiu na França quando ela encontrou um postal de 1934, com uma menina de aproximadamente 9 anos morta em cima de uma cama. Era dessa forma que se anunciava no interior da França, a morte de um ente querido, informa Aude. Então usou o antigo hábito francês para resgatar a história das vítimas de violência. Os visitantes receberão um postal contando a história de vida dos mortos em exposição. Entre os registros a desastrosa operação no Complexo do Alemão, em junho de 2007 onde a polícia matou 19 supostos traficantes.
Formada na Escola Nacional de Bellas Artes de Montpellier, ela usou na exposição recursos de áudio e vídeo onde mostra hábito brasileiro de amenizar o cenário do enterro com flores. Segundo a fotógrafa, a única intenção é contribuir com seu olhar estrangeiro. A mostra está sediada no Centro de Cultural da Justiça Federal, na Cinelândia, centro da cidade. Segundo informações do Instituto de Segurança Pública, entre janeiro e outubro de 2008, 5.701 morreram vitimados por balas.

Visitação: de ter. a dom., das 12h ás19h .
Até 26 de abril.

Nenhum comentário: