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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Genéricos chineses ameaçam artesãos

Os produtos chineses e a crise global ameaçam supremacia da vidraria veneziana. Pelo menos 75% dos artistas-artesãos já perderam seus empregos na fábrica.

Artesãos italianos estão perdendo empregos não somente para a crise globalizada, mas também para a concorrência dos produtos chineses, segundo fontes do governo italiano. O baixo custo da mão de obra na China permite exportar produtos com preços acessíveis estaria ameaçando empregos ao redor do mundo. As vítimas dos genéricos seriam a fábrica e os artesãos que, perderam espaço nos lares italianos que estariam sendo ornados em tempos de vacas magras por produtos chineses, e não mais pela tradicional fábrica de vidraria e cristal da Europa, especificamente Murano, na Itália. Pelo menos 75% dos artesãos empregados da vidraria já perderam seus empregos. Segundo o órgão correspondente ao sindicato dos artesãos daquele país, a tendência é de que os outros 25% dos profissionais da artesania de Murano continuem com o ofício ameaçado. Até o momento nenhuma medida de proteção fora tomada pelas autoridades italianas, seja para a fábrica ou para os artistas-artesãos. A Itália está sentindo um pouco do canibalismo chinês, algo enfrentado por outros países, onde se inclui o Brasil, principalmente na tecelagem.

Um pouco de história

A supremacia de Veneza em vidraria é antiga e data do século XII. A arte do vidro instalou-se definitivamente em Murano como atividade de manufatura organizada, a qual se havia aperfeiçoado, ao longo dos séculos, graças aos contatos comerciais dos venezianos com os fenícios, os sírios e os egípcios, os quais já possuíam uma antiga tradição na produção de vidros. No entanto, no século XVIII os vidros da Boemia {Alemanha}e da Europa Central conquistam a primazia. A qualidade do produto veneziano e a excelência executiva eram reconhecidas, mas estas qualidades estavam bloqueadas em uma produção histórica e estática nas formas e na criatividade. Somente no final do século XIX e, principalmente no início do século XX, a produção vivera um novo renascimento. Uma novidade extraordinária graças à qual Veneza se levanta de uma letargia secular, para voltar a ser o centro de produção de grande destaque e impor ao mundo, especialmente a partir de 1950, suas próprias obras. Desde seis milênios a.C. o homem utiliza um material vítreo natural, a obsidiana, que é uma rocha silícica encontrada em abundância no Mediterrâneo, em particular nas ilhas Eólias e Pontinas, em Pantelleria e na Sardenha, para extrair objetos cortantes e resistentes. Foram necessários vários milênios antes que se produzissem objetos em vidro não apenas para as necessidades cotidianas mas também para adorno. [Reportagem de Francisco Martins publicada na edição de março de Revista Contemporânea].

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