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sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Tina Modotti – fascinante

Tina Modotti foi uma das mulheres mais fascinantes de todo o seu tempo. Como fotógrafa ou como revolucionária sempre fez questão de retratar a realidade da maneira complexa e concisa como via. Morreu solitária.
Nascida Assunta Adelaide Luigia Modotti Mondini, mais conhecida por Tina Modotti, nasceu em Udine, Itália, em 17 de agosto de 1896. Dona de forte personalidade, foi uma fotógrafa que atuou nos cenários artístico e político entre as décadas de 20 e 30. Era filha de Assunta Mondini Modotti e Giuseppe Saltarini Modotti, e viveu toda sua infância em uma família muito pobre. Por várias vezes teve de abandonar seus estudos para ajudar sua mãe cuidar de um novo irmão. Quando seu pai viajou para os Estados Unidos em busca de dinheiro para mantê-los, ela e sua família chegaram a passar fome. Com o passar dos tempos, a situação financeira de Giuseppe melhorou e acabou por mandar buscar primeiramente a filha mais velha e, anos depois, foi Tina quem desembarcou em São Francisco, onde teria uma vida promissora no novo país. Foi nesse período Tina começou a trabalhar como costureira. Sua incomum beleza fez com que fosse iniciada no mundo da arte. Sempre que aparecia em peças teatrais era muito aplaudida.
Também foi nessa época ao visitar uma mostra de arte moderna e fotografia que Tina se encantou com "Robo" (Roubaix de l’Abrie Richey), um jovem pintor e poeta que viria a ser seu amante por muitos anos. Alguns anos mais tarde ela conheceu Edward Weston, já renomado fotógrafo, e trabalharia como sua modelo fotográfica por muito tempo. Com a morte de seu pai Giuseppe, ela decidiu aprender a arte da fotografia com Weston, que jamais se negou a ajudá-la, e muito lhe ensinou. Tina e Edward viajaram para o México, e lá assumiram sua paixão mútua publicamente. Coincidência ou não, o trabalho de Tina passou a evoluir como fotógrafa, principalmente nos anos em que ficou trabalhando sozinha, quando Weston precisou voltar à Califórnia. Fez várias mostras de seus trabalhos, e o seu talento sendo igualmente comparado ao seu mestre Weston.

Política, crime e amor
No final dos anos 20 Tina teve o primeiro contato no mundo da política. Influenciada pelas idéias de liberdade propagadas pelo seu círculo de amizades, e recebendo incentivo por parte do jornal El Machete, também o próprio Partido Comunista, onde ela se tornaria sua ativista futuramente. A partir daí, no ano de 1929, Weston e Tina produziram 200 fotos sobre arte religiosa e folclórica mexicana para ilustrar o livro ‘Ídolos por trás dos altares’, de Anita Brenner. Devido ao longo e árduo tempo desse trabalho, o relacionamento dos dois veio a terminar, fazendo com que Tina se focalizasse na fotografia revolucionária. Passou então, retratar as desigualdades sociais e outros aspectos que emanavam essa mensagem. E era cada vez maior seu envolvimento com o Partido Comunista. Dentro do partido ela encontraria não só um novo amor, mas um grande problema.

Se envolveu amorosamente com Júlio Antônio Mella, um dos maiores e mais importantes ativistas revolucionários da América Latina, e conjuntamente tiveram ideais em comum. Mas a personalidade desafiadora de Mella, fazia dele um colecionador de desafetos, e ele veio a ser assassinado e o crime acabou por respingar por muito tempo na vida de Tina Modotti. Depois de falsas acusações e exageros por parte da imprensa, Tina acabou por ser inocentada. Isso a deixaria em profunda depressão, então, Tina passou a se envolver cada vez mais no meio ativista e do Partido Comunista, na tentativa de esquecer o que aconteceu em relação a Mella; e aos poucos foi abandonando a fotografia. Na década de 30 Tina foi banida do México, e mergulhou de cabeça nos ideais revolucionários. Trabalhou avidamente em missões para o Comitê na Europa fascista nos tempos do stalinismo e desempenhou um importante papel na Guerra Civil Espanhola. No anos de 1939 ela voltou ao México, e solitária, sem apoio da imprensa ou de membros do partido, morreu na Cidade do México em 5 de janeiro de 1942.

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