O Bode Io-iô poderá ter sido o único caprino morto de cirrose hepática ou de atentado político. Para ajudar seu dono, um retirante da seca , a empresa inglesa Rossbach Brazil Company, com sede na Praia de Iracema, comprou o bode em 1915.
Ele não foi um bode convencional e visto por um outro viés não deixa de ser uma personalidade cearense. Io-iô preferia perambular, beber e fumar nos bares de Fortaleza dos anos 1920 em vez de ficar ao lado dos outros caprinos. Ele era visto ingerindo copos e mais copos de cerveja e cachaça ao lado de seus 'amigos' boêmios e escritores que freqüentavam os antigos cafés. Quando bebia ficava abusado. Não respeitava nem mesmo as moças que usavam vestidos até ao tornozelo pois com os chifres levantava os vestidos delas. Entre essas e outras, o bode foi arranjando fama e desafetos na cidade. No ano de 1922, quando os mesários abriram as urnas, Io-iô tinha recebido a maior votação para vereador. Não pôde ser empossado mas sua fama crescia além de Fortaleza. Em 1930, sua saúde estava debilitada. As noitadas diminuiriam e Io-iô não mais se arriscava até tarde da noite na boemia ao lado dos antigos companheiros de copo. Em 1931, foi encontrado morto em uma calçada nas imediações da Praça do Ferreiro, região central de Fortaleza. A causa de sua morte foi apontada como cirrose hepática. Apesar de outras hipóteses como por exemplo um noivo zangado ou um atentado político contra o bode pois teria derrotado candidatos conhecidos e de famílias tradicionais do Ceará que poderiam tê-lo matado. O bode também participou de atos políticos em coretos, praças e saraus literários, além de ter comido a fita inaugural do Cine Moderno; assistiu peças no Theatro José de Alencar, passeou de bonde, tinha acesso livre às igrejas e até na Câmara Municipal. O bode foi doado ao Museu do Ceará, tornando-se uma de suas peças mais admirada.
Roubo do rabo
Após sua morte, em 1931, ele foi embalsamado, e mais recentemente, doado ao Museu do Ceará. O bode passou por um processo de empalhamento para poder receber visitação pública. Uma vez por semana um funcionário cuida da limpeza de sua frágil pelagem. Há alguns meses um fato inusitado aconteceu, roubaram o rabo do bode de dentro do museu. Não é um rabo de um bode qualquer. Trata-se do rabo de um bode famoso com estátua em museu de Hollywood onde tem uma réplica. Sensibilizados, os donos do Jornal Bode Io-iô, fizeram uma campanha junto à população na tentativa de se localizar o rabo. Eles oferecem uma assinatura grátis do jornal por um ano além de uma réplica em tamanho original para quem encontrar. O apelido Io-iô’ foi por causa das suas idas e vindas da Praça do Ferreira para a sede da empresa na Praia de Iracema, em Fortaleza. [Francisco Martins]
Museu do Ceará
Rua São Paulo, 51
(85)3101.2610
Um comentário:
Fiquei sabendo da história do Bode Ioiô e do seu rabo que foi roubado hoje, dia 18-05-11 na TV Record de SAão Paulo. Sua história é muito interessante!
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