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quinta-feira, 12 de julho de 2007

Tom Zé sem censura


O inquieto tropicalista soube fazer de suas imperfeições, pura originalidade. Nesse mote é o documentário Fabricando Tom Zé, do diretor Decio Matos Junior, que estréia nesta sexta-feira, 13, nos cinemas.

O filme remonta toda a trajetória do músico desde a infância, na cidade de Irará, nos anos 30, até sua turnê européia, em 2005. A narrativa é pontuada por depoimentos de sua mulher e empresária, Neusa Martins, além de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Arnaldo Antunes e David Byrne. Não há concessões à demagogia neste documentário, que contém imagens que seriam desperdiçadas e descartadas em produções burocráticas. Há vários momentos controverso captado por Matos Junior, foi a estrondosa vaia que Tom Zé levou da platéia do Festival de Vienne, na França. Não tem como não realçar uma mágoa antiga que Tom Zé sente de Gil e Caetano que, apesar de lhe atribuem adjetivos como “inovador” “genial”, ainda tem uma ponta de rancor pois teriam os dois contribuído para que seu nome fosse dissociado do movimento tropicalista. E que também teriam sido coniventes com o ostracismo a que ele foi relegado a partir da década de 1970,ostracismo este que fora rompido somente com a ajuda do compositor britânico David Byrne, que lançou a obra de Tom Zé no mercado internacional.

Hino à São paulo
Tom Zé fez de sua carreira algo muito singular. Consagrou-se em 1968, quando venceu o Festival da Canção da TV Record, com a música São, São Paulo Meu Amor. Em 1973, o aclamado clássico Todos os Olhos. Na década seguinte, não teve reconhecimento de crítica e público, até que o músico e produtor britânico David Byrne se dispôs a lançar coletâneas com canções do artista baiano. Desde então, Tom Zé produziu discos essenciais, entre eles Com Defeito de Fabricação e Imprensa Cantada. Seu mais recente trabalho é o CD, Danç-Êh-Sá – Dança dos Herdeiros do Sacrifício, lançado em 2006, que critica o hedonismo e a alienação da juventude.

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