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quinta-feira, 5 de julho de 2007

Lula em Bruxelas


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira,4, em Bruxelas, que o Brasil está desenvolvendo um programa de certificação “que permitirá mostrar que toda cadeia de produção dos biocombustíveis no país respeita critérios ambientais, sociais e trabalhistas”.

O anúncio foi feito na abertura da conferência internacional de biocombustíveis promovida pela Comissão Européia, em que Lula discursou como convidado de honra, logo depois de o comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, ressaltar que na Europa “há preocupações legítimas em relação aos danos ambientais que a produção de biocombustíveis poderia causar”.

Diante de uma platéia que reúne ministros, estudiosos, empresários e organizações não governamentais, o presidente negou as maiores preocupações levantadas em relação ao aumento da produção de biocombustíveis no Brasil.

“A experiência brasileira mostra ser incorreta a oposição entre uma agricultura voltada para a produção de alimentos e outra para a produção de energia. A fome no meu país diminuiu no mesmo período em que aumentou o uso dos biocombustíveis. O plantio de cana-de-açúcar não comprometeu ou deslocou a produção de alimentos”, afirmou.

“Todos sabemos que não há escassez de alimentos no mundo, mas escassez de renda capaz de garantir o acesso das populações mais pobres ao que comer. Não estamos aqui escolhendo entre comida e energia.”

Amazônia

Contra as críticas de que a expansão da produção de cana-de-açúcar poderia ameaçar a Floresta Amazônica, Lula disse que “o cultivo da cana no Brasil ocupa menos de 10% da área cultivada do país, ou seja, menos de 0,4% do território nacional”.

“Essa área, é bom que se diga, fica muito distante da Amazônia”.
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, também fez questão de assegurar que “a Amazônia não pode produzir cana”.

“Não só porque o governo brasileiro nao deixaria, mas porque a concentração de açúcar seria baixíssima”, explicou.

Lula foi menos técnico: “Se a Amazônia fosse importante para plantar cana-de-açúcar, os portugueses, que introduziram a cana-de-açúcar no Brasil há tantos séculos atrás, já o teriam feito na Amazônia”.

Commodity

Lula também defendeu a criação de padrões internacionais de normas técnicas sobre o etanol e o biodiesel, o que abriria caminho para que esses combustíveis alternativos sejam considerados commodities e possam ser negociados internacionalmente, com cotação em Bolsa.

Para o presidente, a inclusão dos biocombustíveis na matriz energética internacional também ajudaria a “democratizar” o acesso internacional a combustíveis.

"No mais humilde dos países, qualquer um tem a tecnologia e o conhecimento para cavar um buraco de 30 centímetros e semear uma planta oleaginosa."

“Estaremos reduzindo as assimetrias e desigualdades entre os países consumidores e produtores de energia, e prevenindo potenciais conflitos derivados da competição por recursos energéticos finitos”, afirmou. FONTE: www.bbcbrasil.com.br

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