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sábado, 4 de abril de 2009

Pe Faustino: 300 anos

Trezentos anos do padre musicólogo cujo manuscritos encontrados em 1959 sugere retroceder 50 anos da produção musical no País, o que torna o Pe em nosso "O Nome da Rosa", pioneiro musical.

Figura absolutamente inédita no cenário musical brasileiro, Faustino do Prado Xavier nasceu em Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, em 1709. Quando tinha 20 anos foi nomeado mestre da capela da então vila de Mogi das Cruzes. Entre 1729 e 1733, Faustino acumulou funções musicais com o cargo da Ordem Primeira de Nossa Senhora do Carmo. Entretanto, regia o coro nos ofícios sagrados, principalmente os relativos à Semana Santa. Conforme lote de manuscritos descoberto em 1959 por Régis Duprat, que sugere se recuar 50 anos do início da música no Brasil. Algumas evidências existem de que a obra musical de Faustino foi muito recopiada e tocada na época.

Composições

O renomado musicólogo Régis Duprat, na época encarregado de catalogar documentos pertencentes à 'Academia Brasílica dos Renascidos', caíram-lhe nas mãos obras musicais que lhe permitiria sugerir um recuo de 50 anos do início efetivo da música brasileira. Régis se debruçou sobre os trabalhos inéditos: dois 'Tractus' para dois sopranos, contralto, tenor e baixo, de 60 compassos , um "Bradados", para soprano, tenor, baixo e contralto, com 216 compassos; um "Regina Coeli" antífona em cinco segmentos para quatro vozes; uma peça denominada 'Paixão de Sexta-feira da Paixão', com 150 compassos para soprano, contralto, baixo e tenor, que alterna a polifonia com o cantochão e " Matais de Incêndios"[partitura acima] uma modinha, todas as obras eram assinadas por Pe Faustino. "Paixão de Sexta-Feira Santa", assim como "Tractus" apenas foram confirmada por duprat, haja vista que já existiam em cópias no arquivo de Randolfo José de Lorena, no Vale do Paraíba, desde 1863. As cópias foram feitas em Itajubá, MG, o que prova que as composições de Faustino iam longe.

Casa na Rua Esperança

No ano de 1.733 fora nomeado vigário coadjutor da matriz de Nossa Senhora do Carmo, assim não podendo mais acumular funções. A partir daí ele afastou-se da música e foi nomeado vigário da Vila de Santos. Em 1.760, foi nomeado para uma das conezias da Sé, na capital paulistana, onde permaneceu até a morte em 1.800.

Padre Faustino morava na Rua Esperança, n* 7, proximidades da atual Praça João Mendes, região central de São Paulo. Muitos lembram de Faustino por ter vendido sua casa para o regente André da Silva Gomes, em 1790. O Pe Faustino foi cantor do coro da Sé regido por André da Silva Gomes, conforme evidência documentação de 1777.

Evidências

São muitas as evidências como caligrafia, marca d ´água no papel, o mesmo tipo de escritura, a ausência de divisão de compasso, sinalizam que as composições foram escritas entre 1729 e 1735 nas igrejas da Ordem Primeira e Ordem Terceira de Mogi das Cruzes. As composições tem acordes quase sempre na fundamental e o enriquecimento da harmonia se dá através dos outros graus da escala que são subdominante e dominante. Trata-se de um contraponto muito simples mas muito bem feito, o que faz estimar uma produção surpreendente de música no Brasil-colônia, logo no início do século XVIII.

O irmão

O padre Faustino tinha um irmão de nome Ângelo, que não era padre, e em 1.750 esteve deveras envolvido na venda de muares, em Santos, litoral paulista. Na mesma época,1959, o historiador e musicólogo Régis Duprat encontrou algumas peças musicais cuja autoria poderia ser de Ângelo Prado Xavier. São elas: Uma cantiga, uma parte de rabeca de uma ladainha de Nossa Senhora, e uma parte soprano de um "Ofício de Quarta-Feira Santa" e um "Ex Tratactu Sancti Augustini" para dois sopranos, contralto, tenor - uma legítima peça da liturgia Carmelita.

* {Tractus> salmos musicados que substituem o ‘ Glória in Excelsis Deo’ inadequados para as missas de mortos}.

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