“À Deriva”

“À Deriva” drama, filme feito para classe média e roteiro soa falso, foge da realidade brasileira: não tem um negro se quer andando nas praias de Búzios.

"À Deriva" marca estreia internacional do diretor Heitor Dhalia, o drama tem no papel principal o francês Vincent Cassel, em coprodução Brasil e Estados Unidos. O filme teve première mundial no Festival de Cannes, na seção Un Certain Regard. Vê-se que o filme foi todo pensado no universo de classe média alta, onde nenhuma pessoa negra fora incluída. Isso já é o bastante para mostrar a falta de conhecimento, roteiro tendencioso, haja vista que, em várias tomadas nas praias brasileiras de Búzios seria impossível um único negro não ser visto.

O longa metragem estreia em circuito nacional nesta sexta-feira,31, tem o enredo sob o .ponto de vista da história de uma adolescente Filipa, personagem da estreante Laura Neiva,14. Ela é a filha mais velha de Mathias e Clarice [.Débora Bloch e Vincent Cassel].É seu olhar crítico que sintetiza o momento da crise que está no centro da história, cujo escrito é de Heitor Dhalia com participação de Vera Egito [Espalhadas pelo Ar].

O diretor tem filmes como Nina -2004-, Cheiro de Ralo,2007, mas este é um pouco diferente, em “À Deriva” ele deixa o sua marca registrada,humor negro, e tenta imprimir um tom mais intimista. O elenco tem alguns atores e atrizes, digamos, interessantes, longe do belo ou bonito. Mas, Deborah Block e Vincent Cassel não são de se jogar fora. Entretanto, mesmo o aclamado astro francês se vê preso, em um papel sem expressão, melhor, desprovido do talento que lhe é atribuído. Deborah Block está fora de qualquer limitação, tem boa atuação, talvez uma de suas melhores atuações no cinema. A parte dramática é insatisfatória,sim. A participação da estreante Laura Neiva, que não dá conta do recado, não desenvolve todas as nuances que a personagem típica de adolescente cujo mundo desaba em sua cabeça com drama familiar, colabora com o desmoronamento dramático que Dhalia tentou dar à película.