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quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O Brasil de Francisco Brennand

Exposição do mestre Francisco Brennand no Museu Afro Brasileiro de São Paulo em comemoração aos seus oitenta anos de vida.

Brennand faz um grande e generoso gesto para a preservação da mata original e ainda oferece aos seus visitantes a mais nova obra da arquitetura brasileira, a capela projetada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha sobre as ruínas da antiga casa-grande da fazenda. Contudo, no silêncio do seu espaço, ele segue criando suas esculturas, suas novas e atuais pinturas bem distintas dessas produzidas por ele entre as décadas de 60 e 80. Foram estas as obras escolhidas por serem pouco vistas nas muitas exposições que Brennand tem realizado nesses últimos anos. Elas representam de fato um outro tempo de sua inquietação, uma procura de expressar com significado um lado seu nordestino, bocejando a atmosfera tropical e selvagem brasileira com o gosto da terra, bravia, luminosa, de cores fortes e quentes. Uma pintura marcadamente figurativa, acentuada por um grafismo como um halo em torno da figura; uma linha contínua sinuosa, um arabesco barroco e sensual, elegante como fundo da representação do tema.

Essas pinturas têm na sua composição algo de monumental, de eloqüentemente exacerbado e desafiante. Uma espécie de gigantismo de seres em metarmofose, essas lagartas, mandacarus, flores, frutos, formas geométricas, troncos, animais, espinhos dançando numa metamorfose ilusionista de planos, relevos, claros e escuros, um frenesi de ritmos e tensões. Elas também têm no seu mais puro dogma a tentativa de se criar uma obra brasileira voltada para as nossas raízes multiculturais, apesar de todos os preconceitos postos na nossa dita cultura de colonizados. Em toda a construção dessa grande pintura reside a mestria do grande colorista que é o Francisco Brennand. Brennand é um intelectual que permeia todo seu conhecimento humanista com a sua obra artística, um forte desejo exercido no dia-a-dia do seu cotidiano. Provavelmente ele encontrou o ponto de equilíbrio para tornar materializadas todas ou quase todas as questões subjetivas e históricas de nosso tempo. Ele também é um homem político, consciente do seu papel como investigador e colaborador de políticas públicas no tempo do governador Arraes e quando teve participação ativa na campanha de alfabetização do educador Paulo Freire naqueles memoriais anos 60. [Foto sitio do artista]



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