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quinta-feira, 19 de julho de 2007

Cândido Portinari: telas a 1 cruzeiro


No ano de 1953 o artista se envolveu em uma polêmica com o bispo d. Luis Mousinhos e o cônego Sarmento da Igreja matriz de Batataes, interior paulista.

Tudo aconteceu por causa das cláusulas e valores dos quadros que seriam pintados por Portinari, entre eles "Fuga para o Egito", e a Via Sacra", sendo um total de 14 obras, cujo valor simbólico de cada uma era de 1 cruzeiro, um total de 14 cruzeiros. A escritura assinada para doação das obras, continha cláususlas como por exemplo: 1- nenhum quadro deveria sair da Igreja, 2- que nenhuma das obras venham ser alienada, hipotecada ou transferida, seja a que título for. 3 - que sobre elas não caiam gravames de qualquer espécie ou natureza. 4- que ainda seja impenhoráveis, 5 - que outrosim, que os aludidos quadros número dois e cinco ao estipulador para antiga donatária. Uma outra, de nº 7, diz: que neste caso, passarão eles à exclusiva propriedade do município de Batataes como patrimônio comum de seu povo. O então padre, Ma'rio da Cunha Sarmento, era oposto à contratação do pintor para decoração da matriz, e não retrocedeu de imediato; continuou a combater sua tese até poucos dias antes da cerimônia. Segundo o Pe " quando os fiéis souberam que Portinari iria fazer as telas da Igreja todos ficaram revoltosos", disse Pe Sarmento. Nessa época, Portinari já era conhecido pelos críticos da capital, mas a população conhecia somente sua obra da Pampulha e pelos reclames políticos ao senado e que era um comunista.

A repulsa dos fiéis até que tinha procedimento; Portinari era acusado de inimigo da civilização cristã e materialista. O painél São Francisco, feito para capela da Pampulha - BH, fez com que a igreja o condenssse. Mas pouco a pouco os mal entendidos foram sendo desfeitos, disse o Pe. Sarmento. Suas paisagens muito estilizadas não eram também bem vistas, pois usava linhas rígidas, onde os rochedos davam impressão de serem cobertos com um pano. Porém, para finalizar este "mal entendido"o Pe.precisava reconhecer o talento de Portinari. Isso ele só fez depois que duas revistas norte-americanas lá estiveram para realizar reportagem das obras, onde ele foi cicerone. [Foto por Antônio Pirozelli]

Tinha outro segredo neste embrólio formado entre a Igreja e o pintor? aparentemente, sim. Na verdade as obras custaram 1 milhão de cruzeiros pelo conjunto. Os valores eram sigilo absoluto, mas o Jornal Folha da Noite, teve acesso em primeira mão e divulgou. [Francisco Martins / Fausto Visconde ]

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